Morte de Santa Margarida Maria
A santa começou a prever
abertamente a sua morte. "Eu
não viverei mais doente, porque eu não sofro nada, a nossa querida Madre muito tem
cuidado de mim". Outra vez, ela disse ainda
mais positivamente: “Eu
morrerei seguramente neste ano, porque eu não sofro mais nada e não posso
impedir os grandes frutos que o meu Divino Salvador pretende tirar de um livro
de Devoção ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS".
Era o livro do Padre Croiset. A edição apareceu em 1691, contendo cento e seis
páginas, com um resumo da vida da Serva de DEUS, expondo minuciosamente toda a obra
religiosa realizada pelo SENHOR através de Margarida, contribuindo de maneira
preponderante para divulgar a nova Devoção.
Sentindo que o Esposo se
aproximava, Irmã Margarida Maria quis se preparar para a vinda DELE através de
um Retiro Espiritual de quarenta dias, e desfrutar interiormente um pouco da
ansiedade de seu coração, que a fazia suspirar pelo encontro Divino. Ela começou
este Retiro excepcional no dia de seu aniversário, quando completou 43 anos de
idade, em 22 de julho de 1690, festa de Santa Madalena. Foi no SAGRADO CORAÇÃO
DE JESUS que ela passou os quarenta dias de Retiro. "Eu tenho NELE toda a minha confiança, como
sendo o único apoio de minha esperança”.
Em face de sua enfermidade,
foi proibida de participar da Vigília e entrar no Retiro Espiritual Anual do
Mosteiro no dia 8 de Outubro, inclusive porque estava de cama, e na realidade,
ela estava há nove dias de sua morte. Foi chamado o médico Doutor Billet, que
muito estimava a Irmã Margarida. Examinando sua cliente observou que o problema
dela era causado pelo Amor Divino. Assim, depois de longa consulta o médico
disse não ter um bom remédio para o caso dela. Desta vez ele não viu qualquer
sintoma alarmante, e estava tão certo de seu diagnóstico "que fez uma aposta garantindo que ela voltaria
a ficar bem outra vez".
Mas Margarida pediu e fez a
Confissão Sacramental, porque a sua confiança, o seu amor e o desejo de logo ir
para Deus a consumia.
Ela disse:"O médico garantiu que eu não ia morrer... Mas seria
melhor que não fosse verdade. Porque, na realidade, eu estou convencida
de minha
morte, e por esta razão, desejo receber o Santo Viático” (a Sagrada
Comunhão para os enfermos e idosos). Ela recebeu a Santa Comunhão
com ardor seráfico, e tinha a plena convicção de que seria pela última
vez. Aquele
era o dia 16 de outubro.
A noite, que foi a última,
Irmã Margarida Maria fez Vigília com sua ex-noviça, Irmã Marie Nicole da
Faige dés Claines (a quem carinhosamente chamava de pequeno Luis Gonzaga).
Permaneceram juntas até as 8 horas da manhã do dia seguinte, oportunidade
em que a Irmã Nicole testemunhou os seus transportes de amor a DEUS. Às
vezes era algum versículo dos Salmos das Sagradas Escrituras, outras
vezes eram orações espontâneas que a Santa sussurrava em seus
ardentes impulsos...
DEUS misericórdia infinita,
carinhosamente zelava para que os últimos momentos de sua escolhida,
transcorresse como uma preparação próxima para a eterna comunhão dos Santos. Eis porque
o último dia desta predestinada foi de seus terrores, do receio de ter ofendido a DEUS, assim
como de inefáveis consolações. De repente, ela tem um estranho medo das decisões do SENHOR.
Ela treme, ela se humilha, ela se abate diante do crucifixo. Com um suspiro profundo, ela
repete: "Misericórdia, meu DEUS,
misericórdia”! Mas logo a seguir, o Divino Sol reapareceu
no firmamento de seu coração, a alma de Margarida exultou nas misericórdias do SAGRADO CORAÇÃO
DO SENHOR. Tornou-se serena e calma e exclamou:
"Misericordias Domini in aeternum cantabo"!
(Cantarei eternamente as Misericórdias do SENHOR!)
Oprimida pela febre, ela não
pode ficar deitada. Levantou-se e se apoiou na cama para poder respirar.
Entretanto, um pouco intranquila, disse: "Ai! Estou ardendo de febre, estou queimando, mas se fosse do Amor Divino,
que consolação! Mas eu nunca soube amar perfeitamente o meu DEUS"! E, falando para as Irmãs que a rodeavam: "Pedi ao SENHOR para me perdoar e vocês procurem amá-LO de
todo o coração, para reparar todas as vezes que eu não O amei. Que felicidade amar DEUS!
Ah! Que felicidade! Ame-O com um amor puro, sobretudo, ame-O perfeitamente"!
Em meio a tal expectativa do
Paraíso Divino, um medo atravessou a alma da Irmã Margarida, àquele de não
permanecer oculta e sepultada em eterno esquecimento após sua morte. Então ela
fez a sua Superiora prometer que seria destruída todos os seus pertences, aquele
caderno escrito que estava no armário, assim como todas as cartas e anotações. A
Superiora prometeu em silêncio. Existem promessas, como esta, que a glória de
DEUS dispensa simplesmente. O Céu tinha velado para que a posteridade não fosse
frustrada do tesouro de graças contidas naquele caderno. Hoje podemos admirar a
verdade das palavras que o seu Soberano SENHOR lhe dirigia, embora esta alma
perfeitamente humilde tentasse fugir da obediência de revelar tantos Divinos
milagres do Amor de DEUS, operados em seu favor.
Disse NOSSO SENHOR: -
"Continue a escrever, minha filha,
prossegue. Não seria nem mais e nem menos por todas as suas repugnâncias. Mas é
necessário que Minha Vontade seja cumprida. Escreva, pois, sem medo, seguindo
tudo o
que EU lhe ditei, prometendo espalhar a unção de Minha Graça a toda humanidade,
a fim de que EU seja glorificado. Primeiro, EU quero isso de você, para fazer
você ver que EU Me divirto, tornando inúteis quaisquer precauções que deixei
você tomar, para esconder a profusão de graças que EU tive o prazer de lhe
enviar para enriquecer essa pobre e miserável criatura como é você, que não
deve jamais se esquecer desta realidade, para Me entregar continuas ações
de graças”.
“Em segundo
lugar, venho lhe ensinar que você não deve se apropriar destas graças, não sendo
avarenta para distribuí-la aos outros, porque EU quero usar o seu coração, como
um canal para a difusão delas nas almas, de acordo com os Meus desígnios. Desse
modo, muitas daquelas almas que estão no abismo da perdição serão convertidas,
como farei você ver na continuidade. E em terceiro lugar, é para fazer você ver
que EU sou a verdade eterna que não pode mentir, Sou fiel às minhas promessas, e
que, portanto, todas as graças que EU lhe tenho feito podem sofrer todos os
tipos de exames e de testes, porque são absolutamente verdadeiras".
Às cinco horas
da tarde do dia 17 de outubro, ela sentiu um grande tremor, pediu novamente o Santo
Viático. O doutor persistiu dizendo que nada se apressasse e que era necessário
esperar pelo dia seguinte.
A Madre se retirou, mas
logo depois a enfermeira foi correndo chamá-la. Uma Irmã achou que não era
necessário, mas a Irmã Margarida disse: “Deixe-a fazer, já é chegado o momento.”
Então, Margarida pediu a Superiora para lhe dar a extrema-unção. Fizeram vir o
Padre imediatamente. A Superiora quis também fazer voltar o médico uma vez mais.
Mas a Irmã Margarida Maria preveniu, dizendo: “Minha Madre, agora eu só tenho necessidade de DEUS e de me abismar no SAGRADO
E MISERICORDIOSO CORAÇÃO DE JESUS”.
Todas as freiras correram para
a enfermaria. A Comunidade reunida rezava as orações de encomendação da alma.
A Irmã Rosalie Péronne de Farges
e a Irmã Françoise-Rosalie Verchère suas grandes amigas, ficaram uma de cada lado de
seu leito no momento de sua morte. E junto delas, finalmente deu o último suspiro.
Irmã Margarida Maria morreu pronunciando o Santo Nome de JESUS, no mesmo momento
em que o sacerdote também terminava as orações da quarta Unção dos Enfermos
que ela recebeu.
Uma beleza
toda sobrenatural derramou em sua face inanimada. Uma auréola já aparecida em
volta de seu rosto. Os Anjos, os sócios Divinos de Margarida Maria, poderiam
cantar ao redor de seu despojo mortal:
"A humildade precede a glória".
O Doutor Billet entrou quando a Irmã acabava de expirar. Ele estava totalmente
surpreso. De acordo com a ciência, nada lhe tinha sido anunciado, que pudesse
prever uma morte tão rápida, por isso, ele não duvidava de que o Amor de DEUS se
incumbiu de levar Margarida para a eternidade no momento adequado.
Esta abençoada
morte aconteceu às 19 horas e 20 minutos da noite de terça-feira, dia 17 de
Outubro de 1690. Na Comunidade, o luto foi geral.
Apenas a
notícia da morte passou os portões do Mosteiro e logo se espalhou por toda a
cidade. A tristeza tomou conta de todos e muita gente chorou como se tivesse perdido um
parente muito próximo, ou como se tivesse ocorrido um terrível desastre público.
Gritavam em altas vozes nas ruas:
"A Santa está morta. Nossa Santa da Visitação Santa Maria está morta”!
Repetiam as crianças com idade de quatro a cinco anos.
Na manhã
seguinte, quando a Igreja foi aberta, ficou cheia com uma piedosa multidão,
ansiosa para contemplar ainda uma vez, a venerável Irmã, cujos restos mortais
estavam expostos no coro das freiras. Todo mundo queria tocar no santo corpo e
nos seus objetos, que se tornaram peças de devoção. Duas irmãs estavam
constantemente consolando as pessoas, mas não eram suficientes. Muita gente
também queria relíquias da Irmã Margarida pedindo pedaços de sua roupa ou algo
que ela escreveu. Mas o grande despojo desta verdadeira religiosa foi
hermeticamente guardado e após a sua morte, ninguém encontrou nada que lhe
pertencia, tudo foi cuidadosamente escondido.
O funeral se realizou na
noite de 18 de Outubro. O corpo daquela alma eleita foi depositado na sepultura,
embaixo do coro das freiras.
A confiança dos fiéis, em
sua intercessão foi várias vezes recompensadas pelos favores
extraordinários,
seja de ordem espiritual ou material. Graças ao zelo do Abade Languet, então
vigário-geral de Autun, e a seguir, Bispo de Soissons e arcebispo de Sens, os
procedimentos eclesiásticos começaram em 1715, para a formação do processo
canônico de Beatificação e Canonização da Irmã Margarida. Independentemente da
raiva ou sarcasmo dos Jansenistas, que incrédulos e despeitados colocavam todas
as dificuldades ao alcance deles, o Bispo Languet dedicou-se a escrever a Vida
da Venerável Irmã Margarida Maria Alacoque. O livro apareceu em 1729. O Bispo
teve a coragem de escrever sobre aqueles milagres e manifestações especiais de
NOSSO SENHOR, naquela época em que existia uma forte corrente protestante que
queria destruir a Igreja.
Em 1828, a Irmã Maria de
Sales Chareault, professa do mosteiro de Paray Le Monial, foi curada de câncer
no estômago. No dia 21 de Julho de 1830, um dia antes do reconhecimento legal do
túmulo da Venerável Irmã Margarida, a Irmã Marie Thérèse Petit, foi curada de
repente de um inveterado aneurisma no coração. Em 1841, a Irmã Louise Philippine
Bollani, professa do Mosteiro da Visitação de Veneza, na Itália, alcançou a cura
instantânea e perfeita de uma terrível tuberculose pulmonar, considerada
incurável pelos médicos. Estes três verdadeiros milagres foram reconhecidos por
um decreto de 24 de Abril de 1864. Em 18 de Setembro do mesmo ano, o Papa Pio
IX, proclamou Beata a Irmã Margarida Maria Alacoque.
Poucos meses depois, em
Junho de 1865, em Paray Le Monial foi celebrada uma magnífica festa em honra da
nova Beata. As notícias sobre novos milagres surgiam em todas as partes. Todavia
para a Canonização, ou seja, para torná-la Santa, era necessário obter dois
novos milagres perfeitamente constatados, e não só simples graças de cura. Das
muitas que aconteceram, aquelas que foram escolhidas para serem apresentadas à
consideração da Sagrada Congregação dos Ritos no Vaticano, remonta aos anos 1900
e 1903. Em 1900, a senhora Luise Agostina Coleschi, em Pompéia, na Itália, foi
instantaneamente curada de uma meningio-mielite, e em 1903 a Condessa Antonietta
Pavesi Astorri obteve do mesmo modo, pela intercessão da Bem-Aventurada Irmã
Margarida Maria Alacoque, a cura e cicatrização instantânea de um doloroso e
abominável câncer. Durante o debate, surgiram muitas dificuldades. Mais do que
provavelmente fosse necessário, mas tudo por influência do demônio, sempre
contrário à exaltação dos humildes. Entretanto, finalmente, a Providência Divina
destruiu todos os truques e as maldades de satanás, em benefício da causa da
Irmã Margarida. O Santo Padre Papa Bento XV no dia 6 de Janeiro de 1918, na
festa da Epifania do SENHOR, no Palácio Apostólico do Vaticano, promulgou o
diploma que aprovava os milagres. No dia 17 de Março, Domingo da Paixão, a causa
da Irmã Margarida Maria Alacoque, a grande amante da cruz, foi concluída. Foi
lido o decreto solene de sua Canonização.
Finalmente, o tempo marcado
por Deus desde toda a eternidade havia chegado, quando, para alegria da Terra e
do Céu, a discípula favorita do CORAÇÃO DE JESUS recebeu a auréola dos Santos.
Em 13 de Maio de 1920, aconteceu a mais grandiosa cerimônia na presença de um
extraordinário número de cardeais, bispos e arcebispo e de uma multidão de fiéis
de todos os países, principalmente da França. O Sumo Pontífice Bento XV disse
solenemente SANTA Margarida Maria Alacoque. Em seguida, ele cantou o Te Deum, e
todos os sinos de Roma anunciaram a canonização. Mas também era a festa da
Ascensão do SENHOR. Sem dúvida, a Providência Divina quis que aquela que sempre
seguiu JESUS CRISTO no caminho do sofrimento e do Calvário fosse também
associada de uma forma inefável a glória de seu triunfo no Céu. Que os humildes
sejam exaltados! A suprema glorificação da Irmã Margarida Maria é a última cena
das revelações de Paray Le Monial. E por todas essas razões, a Igreja com segura
convicção e plena de amor, tem feito brilhar os raios que emolduram todo o
esplendor da Devoção ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, fazendo com ela seja conhecida
e possa ser praticada por todos os cristãos!
A Festa em homenagem e
louvor
ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, foi instituída por ELE Mesmo, no oitavo
(8º) dia
após a comemoração e celebração do CORPO DE CRISTO. Significa dizer, que
a
Igreja acolheu com muito prazer e alegria a Vontade Divina, inserindo-a
no
Calendário Litúrgico e realçando a dimensão incomensurável da Devoção,
sendo realizada anualmente, na sexta-feira da semana seguinte a Festa de
CORPUS CHRISTI, a jubilosa solenidade em honra do Misericordioso e
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.
Agora, na eternidade,
Santa
Margarida Maria Alacoque continua a sua missão, de estimular a
humanidade a
acolher e cultivar a Mensagem e a Devoção ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS,
convidando os fieis a conhecerem melhor e se dedicarem a um profundo,
sincero e imenso amor ao CORAÇÃO MISERICORDIOSO DO SENHOR! Porque ELE
sempre está aberto e tem um lugar para aquele filho que suplicando o
perdão Divino vai em busca da sua inefável e tão querida proteção! Para
JESUS, honra, louvor e glória eternamente! Amém!
http://apostoladosagradoscoracoes.angelfire.com/index61.html
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